quinta-feira, 29 de março de 2018


Informamos que a Biblioteca estará encerrada nos dias 30 de março e 2 de abril .

terça-feira, 27 de março de 2018

Dia Mundial da Poesia | 21 de março

Dar a ler poesia às crianças é uma espécie de serviço público que só pode merecer elogios. A musicalidade das palavras, a multiplicidade de sentido e o exercício de experimentar diferentes interpretações habituam (espera-se) os pequenos leitores a pensar e a ler.

Rita Pimenta, Jornal "Público", secção P2 (Crianças, Livros), 19 de Abril de 2008


Celebrando, ainda, este dia e, sempre, a poesia, deixamos mais uma proposta de leitura para os mais pequenos: RONDEL DE RIMAS PARA MENINOS E MENINAS, de João Manuel Ribeiro; Ilustração: Anabela Dias. 

Trata-se de uma coletânea de vinte e três pequenos poemas ilustrados, com influências evidentes da poesia tradicional. Destaca-se a componente sonora dos textos, assim como a rítmica e melódica, verificando-se uma valorização da dimensão lúdica dos textos e da própria linguagem. As ilustrações de Anabela Dias também ajudam a conquistar os pequenos leitores.

Recomendado pelo PLANO NACIONAL DE LEITURA (Pré-Escolar).

Disponível na nossa Biblioteca.


Uma história de amor

Era uma vez um botão
chegado ao colarinho
que vivia em perdição
por nunca ser apertadinho. 

 Era uma vez uma janela 
 numa camisa preta 
 que desejava ser a cidadela 
 de um botão careta.

 Esta é e bem pode ser 
 uma história de amor. 
 Não sei que fim deve ter. 
 Escolhe tu, por favor."

O verão, os irmãos e a primavera

O verão
Como tanto menino, 
Tem mais que um irmão

Um, que vive sempre com sono,
Chama-se outono.

O outro, que parece eterno, 
Tem o nome de inverno.

Depois, para variar
Tem uma prima
Com quem rima
A correr e a brincar:

- É a PRIMAVERA


quarta-feira, 21 de março de 2018

DIA MUNDIAL DA POESIA | 21 MARÇO

Neste dia, apresentamos, como sugestão, a obra poética de MANUEL ALEGRE, poeta galardoado com o Prémio Pessoa 1999 e o Prémio Camões 2017, entre outros. Todos os poemas de MANUEL ALEGRE estão reunidos numa edição em dois volumes, disponível na nossa Biblioteca.


Uma flor de verde pinho

Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.

Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.

Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Manuel Alegre



As mãos

Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.

Manuel Alegre


Coisa Amar

Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.

E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre


segunda-feira, 19 de março de 2018

Encontro com a escritora Manuela Ribeiro

Autora de poemas e de histórias infantojuvenis, Manuela Ribeiro esteve na nossa biblioteca, no dia 12 de março. 

Interessados e atentos, participaram no encontro com a escritora alunos do 2º ciclo da Escola Básica e Secundária de Lordelo e meninos do 3º e 4º ano da Escola Básica nº2 desta cidade.

Houve lugar a uma “viagem” pelos livros da escritora, a perguntas e respostas sobre a sua obra e, finalmente, aconteceu o momento mais desejado em que reinou o silêncio total:  ouvir um conto pela voz da própria autora.




A terminar o encontro, alguns minutos de convívio animado durante a realização de uma sessão de autógrafos.

Na despedida, as escolas participantes levaram livros autografados para as respetivas bibliotecas, numa oferta da Biblioteca da Fundação A LORD.




Porque estamos a celebrar o mês especialmente dedicado à poesia, deixamos aqui mais uma sugestão de leitura para os mais pequeninos, assinalando a visita de Manuela Ribeiro: Versos para meninos que comem sempre a sopa toda.


“Porque a sopa contém um ingrediente mágico que confere a quem a come um enorme sentido de humor, este livro só poderá ser lido por quem a comer mesmo até à última colherada!”

"O vento está constipado”


O vento está constipado.
Espirra e tosse, coitado!
Varre tudo à sua frente.
O vento está muito doente.

Passou a noite a gemer
Sem poder adormecer.
Tinha o nariz entupido
E doía-lhe um ouvido.

De manhã, muito cedinho,
A mãe levou-lhe um chazinho
E uma torrada quentinha
Para comer na caminha.

Sossegou por um bocado
Mas depois, muito agitado,
Pôs-se outra vez a fungar,
A tossir e a espirrar.

Vamos já tudo fechar
Para ele não entrar.
É preciso ter cuidado,
Que o vento está constipado.


Peixe! Peixe! Peixe!


Fui pescar um peixe ao mar, 
Mas foi total a pescaria
Que mais pareço morar
Numa enorme peixaria.

Pela manhã como pargo,
Ao almoço caldeirada,
À merenda grelho um sargo,
Ao jantar há só pescada.

Faço tanto cozinhado
Desta e daquela maneira,
Que o meu peixinho dourado
Ganhou medo à frigideira.

Sempre o mesmo no meu prato!
Quem me dera umas sopinhas!
Até o guloso do gato
Já não pode ver espinhas!"


"Querem mesmo saber
o que contam estes poemas?
Para isso, terão de comer
primeiro a sopinha toda..."

sexta-feira, 16 de março de 2018

Escritor do mês | março

António Nobre
(1867/1900)


António Pereira Nobre nasceu a 16 de agosto de 1867, na Rua de Santa Catarina, no Porto. Filho de burgueses abastados, estudou em vários colégios da cidade invicta e passava os verões nas casas que a família tinha no campo, na Lixa ou no Seixo (o seu «paraíso perdido», como lhe chamou o maior biógrafo do poeta, Guilherme de Castilho), ou na praia, em Leça.

Começou a escrever muito cedo, os seus primeiros poemas datam dos 15 anos de idade. Alguns anos mais tarde, ruma a Coimbra, onde cursa Direito. Tendo reprovado, decide ir fazer a licenciatura para Paris. Aí contactará com os poetas simbolistas, conhece Verlaine, Émile Zola, Alexandre Dumas e Mallarmé. Mas Nobre acabará por viver momentos de angústia na «cidade luz», lutando com dificuldades financeiras, longe da Pátria, dos lugares de infância e dos amigos. E é na solidão do seu quarto da rue des Écoles que escreverá muitos dos poemas que integrarão o "Só", publicado em Paris em 1892, pelo editor dos poetas simbolistas, Léon Vanier. A obra é mal acolhida em Portugal, com exceção de alguns amigos, mas quando o livro é reeditado seis anos depois, as reações já são mais favoráveis. Hoje faz-se-lhe finalmente justiça e "Só" está entre os livros maiores da literatura portuguesa. "Só" é um retrato do país em fins do séc. XIX, em especial do Norte (Douro e Minho), escrito grande ironia. O verso do poema inicial, "Memória", «O livro mais triste que há em Portugal», levou a que erradamente muitos pudessem julgar que se trataria de um livro triste, escrito por alguém com uma sentimentalidade marcada pela tristeza por se encontrar tuberculoso. Na realidade, o poeta foi «atingido» pelo bacilo de Koch, já depois de publicada a primeira edição de "Só". Em termos temáticos, destaca-se, neste livro, o pessimismo profundo da sua visão do mundo; em termos formais, a presença da linguagem popular e a utilização expressiva das marcas da coloquialidade. 

Atingido pela doença, Nobre irá começar uma série de viagens, na esperança da cura. Parte para a Suíça, mais tarde, com o agravamento dos sintomas embarca para a América, passa pela Madeira, parece melhorar, mas regressa de novo ao continente. Lisboa, outra vez a Suíça, passagem por Paris, de onde regressa já muito mal ao nosso país. Depois de uma curta estada numa quinta da família, em Penafiel, chega a 17 de março de 1900 ao Porto, onde morreria no dia seguinte, aos 32 anos, numa casa na Foz.

Deixou um grande número de poemas inéditos, que viriam a ser publicados postumamente nos livros "Despedidas", "Primeiros Versos" e "Alicerces", e muito mais tarde, a sua correspondência. António Nobre viria a ser reconhecido pelos modernistas e é hoje claro que foi um dos maiores contributos para a renovação da linguagem poética em Portugal. 

Um monumento a António Nobre, desenhado pelo arquiteto Álvaro Siza Vieira, encontra-se perto da praia da Boa Nova, em Leça da Palmeira.






MEMÓRIA 

à minha mãe, ao meu Pai

Aquele que partiu no brigue Boa Nova 
E na barca Oliveira, anos depois, voltou; 
Aquele santo (que é velhinho e lá corcova) 
Uma vez, uma vez, linda menina amou: 
Tempos depois, por uma certa lua-nova, 
Nasci eu... O velhinho ainda cá ficou, 
Mas ela disse: – «Vou, ali adiante, à Cova, 
António, e volto já...» E ainda não voltou! 
António é vosso. Tomai lá a vossa obra! 
«Só» é o poeta-nato, a lua, o santo, o cobra! 
Trouxe-o dum ventre: não fiz mais do que o escrever... 
Lede-o e vereis surgir do Poente as idas mágoas, 
Como quem vê o Sol sumir-se, pelas águas, 
E sobe aos alcantis para o tornar a ver!

sexta-feira, 9 de março de 2018

Dia Mundial da Poesia | 21 de março

Março é o mês da poesia.

No próximo dia 21, comemora-se o Dia Mundial da Poesia, instituído pela UNESCO com o objetivo de defender a diversidade linguística. Para celebrar esta efeméride, apresentamos aos mais novos uma sugestão de leitura que evoca um dos maiores poetas da literatura portuguesa: Fernando Pessoa.




Este livro apresenta a vida de Fernando Pessoa (1888-1935), apontando os marcos fundamentais dos 47 anos que viveu. Através de poemas de Fernando Pessoa, o texto e as ilustrações dão a conhecer esta figura da literatura portuguesa e mundial.

Recomendado por LER+ Plano Nacional de Leitura.


A Fada das Crianças



Do seu longínquo reino cor-de-rosa,
Voando pela noite silenciosa,
A fada das crianças, vem, luzindo.
Papoulas a coroam, e, cobrindo
Seu corpo todo, a tornam misteriosa.

À criança que dorme chega leve,
E, pondo-lhe na fronte a mão de neve,
Os seus cabelos de ouro acaricia —
E sonhos lindos, como ninguém teve,
A sentir a criança principia.

E todos os brinquedos se transformam
Em coisas vivas, e um cortejo formam:
Cavalos e soldados e bonecas,
Ursos e pretos, que vêm, vão e tornam,
E palhaços que tocam em rabecas…

E há figuras pequenas e engraçadas
Que brincam e dão saltos e passadas…
Mas vem o dia, e, leve e graciosa,
Pé ante pé, volta a melhor das fadas
Ao seu longínquo reino cor-de-rosa. 

Fernando Pessoa

HAVIA UM MENINO

lustração de Cristina Ruivo

Havia um menino
que tinha um chapéu
para pôr na cabeça
por causa do sol.


Em vez de um gatinho
tinha um caracol.
Tinha o caracol
dentro de um chapéu;
fazia-lhe cócegas
no alto da cabeça.

Por isso ele andava
depressa, depressa
p’ra ver se chegava
a casa e tirava
o tal caracol
do chapéu, saindo
de lá e caindo
o tal caracol.

Mas era, afinal,
impossível tal,
nem fazia mal
nem vê-lo, nem tê-lo:
porque o caracol
era do cabelo.

Fernando Pessoa

O Leituras sugere...





...para março



Castanho & Branco
Manuela Ribeiro


"Este livro não é uma história com princípio, meio e fim, mas sim um ponto de partida para que pais e educadores debatam com os mais pequenos temas tão importantes como a igualdade, a cooperação e a amizade. Poderá ter especial aplicação ao nível do ensino pré-escolar."

Fonte: www.textiverso.com





Público-alvo: JI, Pré e 1º ciclo

Programação mensal | março


quinta-feira, 8 de março de 2018


Dia da mulher | 8 março


Neste dia, lembramos as mulheres que mudaram o mundo.  Aquelas que inventaram o colete à prova de bala que hoje serve de escudo para os polícias. Aquelas que inventaram os softwares com que agora podemos ligar um computador e aceder a um mundo de informação. Aquelas que descobriram a matéria de que somos feitos – o ADN -, mas cujos louros foram entregues aos colegas homens. E aquelas que nos explicaram como funciona o Sol, como são as nossas células ou como podemos usar a radioatividade a nosso favor.

Homenageamos também Todas as mulheres de hoje que, com a sua inteligência, a sua criatividade, a sua força, o seu amor, continuam a mudar o mundo.


O mar dos meus olhos

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
Não pela cor
Mas pela vastidão da alma

E trazem a poesia nos dedos e nos sorrisos
Ficam para além do tempo
Como se a maré nunca as levasse
Da praia onde foram felizes

Há mulheres que trazem o mar nos olhos
pela grandeza da imensidão da alma
pelo infinito modo como abarcam as coisas e os homens...
Há mulheres que são maré em noites de tardes...
e calma

Sophia de Mello Breyner Andresen, in Obra Poética