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sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
Feliz Natal e Bom Ano de 2018
Encontro com a escritora Joana Nogueira
Em
época natalícia, os meninos do ensino pré-escolar da Escola Básica nº 2 de
Lordelo vieram à Biblioteca receber um presente aliciante: ouvir um conto e
conhecer a sua autora.
Assim, aconteceu o encontro com a escritora Joana Nogueira que
apresentou e dinamizou o conto “Oskar e o Crocodilo Violinista”, o primeiro
conto da coleção “Oskar, o Ouriço Musical”, um projeto artístico direcionado
para os mais pequenos, que pretende promover hábitos de leitura e fomentar o
gosto pela música, de forma lúdica.
As
educadoras ajudaram na leitura da história e, depois, todos ficaram a conhecer
melhor o violino e a sua família.
Ao
regressarem à escola, o Oskar acompanhou os seus novos amiguinhos, nos
exemplares oferecidos pela nossa Biblioteca.
XXI aniversário da Fundação A LORD
XVII aniversário da Biblioteca
A
Fundação A LORD e a sua Biblioteca celebraram mais um aniversário e o Auditório
da Fundação voltou a receber todos os que quiseram associar-se a esta comemoração,
realizada no dia 2 de dezembro.
Abriu
a sessão o grupo de utentes séniores da Academia que apresentou um conjunto de poemas
e de contos.
Seguiu-se
a atuação do grupo de teatro LordATOR
Juvenil que, este ano, interpretou os textos “Os Três Desejos” e “As Galinhas
Faladoras”, de Luísa Ducla Soares e, ainda, “O Homem sem Sorte”, de autor
desconhecido.
A encerrar a sessão e pelo Conselho de Administração
da Fundação A LORD, Francisco Moreira da Silva tomou a palavra para saudar
todos os presentes e relevar a ação interventiva desta instituição no
desenvolvimento cultural de Lordelo, reafirmando o seu propósito de continuar a
agir em prol da valorização social e cultural do concelho.
A
terminar, o público presente foi convidado a cantar os parabéns às aniversariantes
e a provar o bolo de aniversário, em agradável momento de convívio.
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Aniversário da Biblioteca e Fundação
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
Escritor do mês | dezembro
Miguel
Sousa Tavares
(1950/
)
Jornalista
português, Miguel Sousa Tavares nasceu no Porto, sendo filho da poetisa Sophia
de Mello Breyner e do advogado e jornalista Francisco de Sousa Tavares. Depois
de se ter licenciado em Direito, exerceu advocacia durante doze anos, mas
abdicou definitivamente desta profissão para se dedicar em exclusivo ao
jornalismo.
Estreou-se na televisão em 1978, ao entrar para a Radiotelevisão Portuguesa.
Estreou-se na televisão em 1978, ao entrar para a Radiotelevisão Portuguesa.
Foi um dos fundadores da revista Grande Reportagem em 1989, publicação da qual se tornou diretor logo no ano seguinte. Manteve-se na direção da revista durante cerca de dez anos até ser substituído por Francisco José Viegas.
Ainda
em 1989, Miguel Sousa Tavares foi diretor da revista Sábado,
publicação generalista que havia sido lançada no ano anterior por Pedro Santana
Lopes. No entanto, manteve-se pouco tempo no cargo devido à instabilidade
interna da revista, que algum tempo depois viria a fechar.
O jornalista também se destacou na imprensa portuguesa como cronista e escreveu ininterruptamente para o jornal Público, desde que este foi lançado em 1990 até ao início de 2002. Ao mesmo tempo, foi assinando crónicas noutras publicações como o jornal desportivo A Bola, na revista feminina Máxima e no jornal on-line Diário Digital. Miguel Sousa Tavares esteve na SIC, canal privado de televisão que começou a emitir em 1992, onde apresentou programas de informação como "Crossfire", este a meias com Margarida Marante. Abandonou a SIC e depois de em 1998 ter recusado o convite para diretor-geral da RTP, no ano seguinte regressou à televisão.
Assim,
em 1999 Miguel Sousa Tavares ingressou na TVI e apresentou "Em Legítima
Defesa". Sousa Tavares defendia uma das posições e Paula Teixeira da Cruz,
vereadora do PSD na Câmara de Lisboa, a outra. O jornalista Pedro Rolo Duarte
servia de moderador. Em Setembro de 2000, estreou-se como comentador fixo do
Jornal Nacional da TVI, onde passou a marcar presença semanalmente às
terças-feiras, para abordar a atualidade nacional e internacional.
Miguel
Sousa Tavares tem vários livros publicados, quase todos de crónicas. O
primeiro, Sahara, a República da Areia, foi editado em 1985 e
constava de uma reportagem. Seguiu-se, dez anos depois, uma coleção de escritos
políticos chamado Um Nómada no Oásis e O Segredo do
Rio e, em 1997, um conto infantil. Em 1998, saiu o livro de crónicas
de viagens intitulado Sul e, em 2001, Não te Deixarei
Morrer David Crockett, que reuniu os escritos da revista Máxima.
Neste último ano, foi também editado Anos Perdidos, uma coleção de
crónicas dedicada aos governos de António Guterres entre 1995 e 2001.
Miguel Sousa Tavares estreou-se no romance com
a obra Equador, que, editado pela primeira vez em 2003, vendeu mais
de 250 mil exemplares, tendo sido reeditado no mesmo ano. O sucesso desta obra
foi tão grande que, posteriormente, acabaria por ser lançada a nível
internacional (Brasil, Holanda, Alemanha, República Checa, Espanha e América
Latina). Em Outubro de 2007 publica Rio das Flores, com uma
primeira tiragem de 100 mil exemplares.
Para
além da sua intensa atividade como jornalista, em 1998 foi um dos nomes que
integrou a direção do movimento Portugal Único que se batia contra a
regionalização e apelava ao voto no "Não" num referendo agendado para
esse ano.
Miguel Sousa
Tavares. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2017.
Bibliografia
- Um Nómada no Oásis,
Relógio d'Água Editores, 1994
- O Planeta Branco,
Oficina do Livro, 1997
- Anos Perdidos,
Oficina do Livro, 2001
- Não Te Deixarei Morrer, David
Crockett, Oficina do Livro, 2001
- Equador,
Oficina do Livro, 2003
- Sul, Viagens,
Oficina do Livro, 2004 (Edição Ampliada)
- O Segredo do Rio,
Oficina do Livro, 2004
- Rio das Flores,Oficina
do Livro, 2007
- No Teu Deserto,Oficina
do Livro, 2009
- Ukuhamba - Manhã de África,
Oficina do Livro, 2010
- Ismael e Chopin,
Oficina do Livro, 2010
- A História Não Acaba Assim -
Escritos Políticos 2005-2012,Clube do
Autor, 2012
- Madrugada Suja,
Clube do Autor, 2013
- Não se encontra o que se
procura, Clube do Autor, 2014
O
primeiro dia
O que o acordou foi o silêncio. Primeiro, o do
despertador que não tocou à hora combinada todas as manhãs. Depois, o de outra
respiração, que devia ouvir e não ouvia. Estendeu a mão para o quente do outro
lado da cama e encontrou o frio. Apalpou e encontrou vazio. Então, sim,
despertou completamente.
Um prenúncio de tragédia desceu por ele
abaixo, como um arrepio. O que acabara de se lembrar era que não acordara só
por acaso ou por acidente: aquele era o primeiro dia, a primeira manhã da sua
separação - o primeiro de quantos dias? - em que acordaria sempre sozinho, com
metade da cama fria, metade do ar por respirar.
Era Abril, sábado e chovia. Sentado na cama,
lembrou-se das instruções que dera a si mesmo para aquela manhã: fazer peito
forte à desgraça. Nada é inteiramente bom, mas nada é inteiramente mau -
pensou. Posso ler à noite até me apetecer sem me mandarem apagar a luz, posso
dormir atravessado na cama, posso-me livrar daquele rol de cobertores com o
qual ela me esmagava, fizesse sol, chuva ou frio, porque as mulheres são mais
friorentas que eu sei lá, posso usar a casa-de-banho todo o tempo que quiser,
posso espalhar as roupas, os jornais e os papéis pelo quarto à vontade e até -
oh, suprema liberdade - posso fumar à noite na cama.
Levantou-se
para se olhar ao espelho da casa-de-banho. Sorriu à sua própria imagem,
ensaiou-a calma, tranquila, confiante. Imaginou mentalmente o texto que poderia
redigir sobre si mesmo para a secção de anúncios pessoais do jornal:
«Divorciado, 40 anos, bom aspecto, licenciado, rendimento médio-alto, casa própria
e espaçosa, desportos, ar livre, terno e com sentido de humor». Mulheres
compatíveis? Deus do céu, dezenas delas! Sou um partidão - concluiu para o espelho.
(…)
Enquanto
fazia, com um prazer insuspeitado, o seu primeiro pequeno-almoço de homem só,
passou à fase seguinte do que chamara o «plano de sobrevivência»: desfolhar a
agenda de telefones em busca de amigos igualmente sós com quem fazer «programas
de homens» ou de antigas namoradas, que se tinham separado ultimamente ou
outras que achava acessíveis, mas que nunca tivera a coragem e a oportunidade
de aproximar. A primeira desilusão foi com os amigos: de A a Z, realizou que só
tinha dois amigos sem mulher e, para agravar as coisas, com nenhum deles lhe
apetecia sair e entrar numa de «anda daí e mostra-me lá como é o mundo lá
fora». Quanto às mulheres que julgava sortables, sempre eram cinco, mas o
resultado foi quase patético. (…)
Passeou-se
pela casa, pensativo, fumando o primeiro cigarro do dia. De repente lembrou-se
que ainda não tinha visto o quarto do filho. A cama e a escrivaninha tinham
ido, assim como praticamente todos os brinquedos. Sobrava um boneco de peluche,
três ou quatro carrinhos semi-partidos, uns legos e um quadro para fazer
desenhos, com os respectivos marcadores, pousados, à espera de uma mão de
criança. A mesa-de-cabeceira ficara e parecia absurda no meio do quarto, sem a
cama nem os outros móveis, com um retrato dele e do filho numa praia do
Algarve, sorrindo, abraçados um ao outro. Sem saber porquê, sentou-se no chão
encostado à parede, muito devagar, a olhar para a fotografia. 18 Duas grossas
lágrimas escorregaram-lhe pela cara abaixo e caíram na madeira do chão, entre
as pernas. Foi só então que ele percebeu que estava a chorar.
Miguel Sousa Tavares, in
Não te deixarei morrer, David Crockett
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
O Leituras sugere...
...para dezembro
A
Rapariga do Casaco Azul
Monica
Hesse
A Rapariga do Casaco Azul é o
primeiro romance histórico para jovens adultos de Monica Hesse e é também a
estreia da autora em Portugal.
Amesterdão, 1943. Enquanto a
Europa é engolida pelo véu nazi, Hanneke percorre diariamente as ruas da
cidade. Com apenas 18 anos, ela consegue arranjar os bens raros que as pessoas
procuram no mercado negro: chocolate, café, tecidos… Pequenos pedaços de normalidade,
preciosos em tempos de conflito. E Hanneke fá-lo apenas por dinheiro! Não há
espaço para bondade num mundo devastado por uma guerra que lhe roubou a vida e
os sonhos.
Até ao dia em que uma das
suas clientes lhe faz um pedido tão perigoso quanto desafiante: que encontre a
pequena Mirjam, uma rapariga judia que a senhora mantinha escondida em casa. A
única pista que Hanneke tem é que, no dia em que desapareceu, Mirjam vestia um
casaco azul.
Contrariando o seu instinto,
Hanneke decide procurar a rapariga. O que ela não sabe é que, ao procurar a
pequena Mirjam, vai reencontrar uma parte de si mesma, aquela que Hanneke
pensava ter sido completamente destruída com o som das primeiras bombas.
Uma história poderosa e
envolvente.
Um livro imperdível e multipremiado.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Um poema...
Quando um Homem Quiser
Tu que dormes à noite na calçada do relento
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão
Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão
Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'
numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que dormes só o pesadelo do ciúme
numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
e sofres o Natal da solidão sem um queixume
és meu irmão, amigo, és meu irmão
Natal é em Dezembro
mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
é quando um homem quiser
Natal é quando nasce
uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto
que há no ventre da mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
tu que inventas bonecas e comboios de luar
e mentes ao teu filho por não os poderes comprar
és meu irmão, amigo, és meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
és meu irmão, amigo, és meu irmão
Ary dos Santos, in 'As Palavras das Cantigas'
O poema musicado:
Programação mensal | dezembro
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Programação mensal
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
Aniversário da Biblioteca e Fundação
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Aniversário da Biblioteca e Fundação
quarta-feira, 15 de novembro de 2017
Escritor do mês | novembro
Filipa Fonseca Silva
(1979/)
“Para escrever, é interessante desbravar
terrenos que nunca experimentámos.”
Filipa Fonseca Silva nasceu no Barreiro em
1979. Licenciada em Comunicação Social e Cultural pela Universidade Católica,
preferiu a publicidade ao jornalismo, tornando-se redatora publicitária em
2004, profissão que ainda exerce. Sonha tornar o mundo mais verde e espalhar
histórias bonitas.
"Os
Trinta – Nada é como Sonhámos" (2011) foi a sua primeira obra publicada,
seguindo-se-lhe "O Estranho Ano de Vanessa M." (2014), “Coisas que
uma Mãe Descobre" (2015) e mais recentemente «Amanhece na Cidade» (2017).
É a única portuguesa a ter chegado ao Top 100 da Amazon em todo o mundo.
Além de
escrever, adora pintar, colecionar sapatos e comer melancia. Vive em Lisboa com
o marido e os filhos.
Nas ruas de Lisboa, um táxi circula e observa as vidas que
passam por si. Através dele, ficamos a conhecer a história de Manuel, o taxista
que não sabe chorar, e das várias personagens que fazem parte dos seus dias.
Olinda, a ama de duas crianças mal-educadas; Daisy, a stripper; ou João, o
sem-abrigo. Um dia, um momento infeliz com desfecho trágico, obriga Manuel a
confrontar-se consigo próprio, e as consequências serão mais transformadoras do
que ele alguma vez imaginou.
Um romance contemporâneo, que toca temas de sempre, como o
amor e a redenção, e outros de agora, como a crise dos refugiados e a alienação
da sociedade.
“A ideia para
este livro surgiu numa viagem de táxi onde eu encontrei um taxista que me
inspirou para a criação do Manuel – que é o taxista desta história. Foi um
taxista que, talvez por necessidade, veio o caminho todo a contar-me que a
mulher o traiu e deixou. Ele chorava e eu já não sabia o que lhe havia de
dizer. Quando saí do táxi pensei: tenho de escrever sobre a história deste
taxista e o que lhe aconteceu depois. Foi por aí que tudo começou. Só depois
decidi que o narrador não seria um taxista, mas um táxi.”
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Escritor do Mês,
Programação mensal
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Um poema...
Quando
Quando
o meu corpo apodrecer e eu for morta
Continuará
o jardim, o céu e o mar,
E
como hoje igualmente hão-de bailar
As
quatro estações à minha porta.
Outros
em Abril passarão no pomar
Em
que eu tantas vezes passei,
Haverá
longos poentes sobre o mar,
Outros
amarão as coisas que eu amei.
Será
o mesmo brilho, a mesma festa,
Será
o mesmo jardim à minha porta,
E os
cabelos doirados da floresta,
Como
se eu não estivesse morta.
Sophia
de Mello Breyner Andresen, in 'Dia do Mar'
O Leituras sugere...
...para novembro
A
Incrível Fuga do Meu Avô
David
Walliams
Há
muitos, muitos anos, o avô Bandeira foi um ás dos céus e herói de guerra. Mas
quando começa a confundir a idade que tem e o tempo em que vive, é enviado para
um lar.
A
única pessoa capaz de o compreender é Jack, o neto. Juntos, vão viver a maior
aventura das suas vidas e planear a mais ousada das fugas!
Esta
é a história de uma amizade inquebrável entre um neto e o seu avô que deveria
ser lida por todos, inclusive pelos mais velhos, que muitas vezes abandonam
simplesmente os seus progenitores em casas de repouso.
Uma
obra envolvente e… divertida! A não perder!
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Escritor do mês | outubro
MANUEL ALEGRE
(1936/)
Manuel Alegre de Melo Duarte nasceu a 12 de maio de 1936 em Águeda.
Estudou Direito na Universidade de Coimbra, onde foi um ativo dirigente estudantil. Apoiou a candidatura do General Humberto Delgado. Foi fundador do CITAC – Centro de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, membro do TEUC – Teatro de Estudantes da Universidade de Coimbra, campeão nacional de natação e atleta internacional da Associação Académica de Coimbra. Dirigiu o jornal A Briosa, foi redator da revista Vértice e colaborador de Via Latina.
Quando cumpria o serviço militar em Angola, participou na primeira tentativa de rebelião contra a guerra colonial, sendo então preso pela PIDE. Seguiu-se o exílio em Argel, onde foi membro diretivo da F.P.L.N. e locutor da rádio Voz da Liberdade. A sua atividade política andou sempre a par da atividade literária e alguns dos seus poemas ("Trova do Vento que Passa", "Nambuangongo Meu Amor", "Canção com Lágrimas e Sol"...) transformaram-se em hinos geracionais e de combate ao fascismo, copiados e distribuídos de mão em mão, cantados por Adriano Correia de Oliveira ou Manuel Freire. Os seus dois primeiros livros, "Praça da Canção" (1965) e "O Canto e as Armas" (1967) venderam mais de cem mil exemplares.
Regressado do exílio em 1974, "o poeta da liberdade" desempenhou um papel de relevo no Partido Socialista. Foi membro do Governo, deputado da Assembleia da República e ocupou um lugar no Conselho de Estado. Em maio de 2010 apresentou formalmente a sua candidatura à Presidência da República.
Os livros mais recentes (note-se ainda a incursão pela prosa: "Jornada de África", 1989, "Alma", 1995, e " "A Terceira Rosa", 1998) levam-no ao diálogo com poetas de outros tempos, como Dante ou Camões, ou a refletir sobre a condição humana, a morte e o sentido da existência, de que são exemplo os "Poemas do Pescador", incluídos no livro "Senhora das Tempestades": «Senhora dos cabelos de alga onde se escondem as divindades / (...) Senhora do Sol do sul com que me cegas / / (...) Senhora da vida que passa e do sentido trágico // (...) Senhora do poema e da oculta fórmula da escrita / alquimia de sons Senhora do vento norte / que trazes a palavra nunca dita / Senhora da minha vida Senhora da minha morte.»
Manuel Alegre tem sido distinguido por inúmeras condecorações e medalhas. A sua obra está editada em diversas línguas, nomeadamente italiano, espanhol, alemão, catalão, francês, romeno e russo e goza de reconhecimento nacional e internacional, tendo recebido múltiplos e importantes prémios literários:
1998 - Prémio de Literatura Infantil António Botto, pelo livro As Naus de Verde Pinho
1998 - Prémio da Crítica Literária atribuído pela Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos Literários, pelo livro Senhora das Tempestades
1998 - Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores, patrocinado pelos CTT, pelo livro Senhora das Tempestades
1999 - Prémio Pessoa, patrocinado pelo jornal Expresso e importante referência no panorama cultural português, pelo conjunto da Obra Poética, editada em 1999
1999 - Prémio Fernando Namora, patrocinado pela Sociedade Estoril-Sol, pelo livro A Terceira Rosa
2008 – Prémio D. Dinis, patrocinado pela Fundação da Casa Mateus, pelo livro Doze Naus
2010 - Tributo Consagração atribuído pela Fundação Inês de Castro (FIC), instituição de Coimbra, pela totalidade da sua obra.
2016 - Prémio Vida Literária 2015/2015 da Associação Portuguesa de Escritores
2016 - Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores
2016 - Grande Prémio de Literatura dst pelo livro de poemas "Bairro Ocidental"
2017 - Prémio Guerra Junqueiro instituído pelo FFIL - Freixo Festival Internacional de Literatura
2017 - Prémio Camões (instituído pelos governos do Brasil e de Portugal, o maior prémio literário da língua portuguesa).
A obra literária de Manuel Alegre tem sido, também, objeto de estudos e teses de doutoramento e mestrado.
Sobre a sua obra poética, reeditada sucessivas vezes, Eduardo Lourenço afirmou que "sugere espontaneamente aos ouvidos (...) a forma, entre todas arquétipa, da viagem, do viajante ou, talvez melhor, peregrinante". O livro Senhora das Tempestades inclui o poema com o mesmo nome, que Vítor Manuel Aguiar e Silva considerou "uma das mais belas odes escritas na língua portuguesa". Segundo Paola Mildonian, Manuel Alegre "canta a dor e o amor da história com acentos universais, com uma linguagem que (...) recupera em cada sílaba os quase três milénios da poesia ocidental". No Livro do Português Errante, Manuel Alegre, segundo Paula Morão, emociona e desassossega: "depõe nas nossas mãos frágeis as palavras, rosto do mundo, faz de nós portugueses errantes e deixa-nos o dom maior (...) – os seus poemas".
Poesia
·
1965 - Praça da Canção
·
1967 - O Canto e as Armas
·
1971 - Um Barco para Ítaca
·
1976 - Coisa Amar (Coisas do Mar)
·
1979 - Nova do Achamento
·
1981 - Atlântico
·
1983 - Babilónia
·
1984 - Chegar Aqui
·
1984 - Aicha Conticha
·
1991 - A Rosa e o Compasso
·
1992 - Com que Pena — Vinte Poemas para Camões
·
1993 - Sonetos do Obscuro Quê
·
1995 - Coimbra Nunca Vista
·
1996 - As Naus de Verde Pinho
·
1996 - Alentejo e Ninguém
·
1997 - Che
·
1998 - Pico
·
1998 - Senhora das Tempestades
·
1999 - E alegre se fez triste
·
2001 - Livro do Português Errante
·
2008 - Nambuangongo, Meu Amor
·
2008 - Sete Partidas
·
2015 – Bairro Ocidental
·
2017 - Auto de António
Ficção
·
1989 - O Homem do País Azul
·
1995 – Alma (romance
de dimensão autobiográfica no
qual narra a sua infância e adolescência)
·
1998 - A Terceira Rosa
·
1999 - Uma Carga de Cavalaria
·
2002 - Cão Como Nós
·
2003 – Rafael
Literatura
Infantil
·
2007 - Barbi-Ruivo, O meu primeiro Camões,
ilustrações de André Letria, Publicações Dom Quixote, 1ª edição, novembro de
2007
·
2009 - O Príncipe do Rio, ilustrações de Danuta
Wojciechowska, Publicações Dom Quixote, abril de 2009
·
2015 - As Naus de Verde Pinho: Viagem de Bartolomeu
Dias contada à minha filha Joana. Prémio de Literatura Infantil António
Botto
Outros.
·
1997 - Contra a Corrente (discursos e textos
políticos)
·
2002 - Arte de Marear (ensaios)
·
2006 - O
Futebol e a Vida, Do Euro 2004 ao Mundial
2006. (crónicas)
·
2016 - Uma outra memória - A escrita, Portugal e os
camaradas dos sonhos
Fala de Alcântara e depois
Era um resto de cavalaria
quantos ao certo não sei
o que sobrou de Alcácer-Quibir
um resto
por seu reino e por seu rei.
quantos ao certo não sei
o que sobrou de Alcácer-Quibir
um resto
por seu reino e por seu rei.
Dois flancos dois frágeis terríveis flancos.
À primeira investida
levaram de vencida os invasores
era um resto de cavalaria
e povo mal armado.
Então o Duque de Alba carregou
trazia o exército mais forte da Europa
contra o que de nós ainda restava
cavaleiros sem cavalo
lavradores taberneiros sapateiros
fanqueiros mendigos chulos
putas
facas ancinhos foices pedras mãos
palavras palavrões
a língua portuguesa
o corpo e a alma
Alcântara e depois
Lisboa bairro a bairro rua a rua
por seu reino e por seu rei
quantos ao certo não sei
defendiam uma bandeira rota
além da morte além do fim.
À primeira investida
levaram de vencida os invasores
era um resto de cavalaria
e povo mal armado.
Então o Duque de Alba carregou
trazia o exército mais forte da Europa
contra o que de nós ainda restava
cavaleiros sem cavalo
lavradores taberneiros sapateiros
fanqueiros mendigos chulos
putas
facas ancinhos foices pedras mãos
palavras palavrões
a língua portuguesa
o corpo e a alma
Alcântara e depois
Lisboa bairro a bairro rua a rua
por seu reino e por seu rei
quantos ao certo não sei
defendiam uma bandeira rota
além da morte além do fim.
Quando é assim
não há derrota.
não há derrota.
Manuel Alegre, em "Auto de António"
“Este livro não é uma biografia, é uma
revisitação poética da figura de Dom António, Prior do Crato. Foi escrito
através de várias falas, inclusive a daqueles que nunca falaram e a do próprio
autor. Ao longo do livro a figura de Dom António projecta-se em vários tempos e
várias gerações e no nosso próprio tempo, sobretudo naqueles que resistiram e
que tal como ele nunca se renderam”, diz Manuel Alegre a propósito do seu mais
recente livro de poemas, Auto de
António, que chegou às livrarias a 10 de outubro.
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